Michele Alboreto (Milão, 23 de dezembro de 1956 - Oberspreewald-Lausitz, 25 de abril de 2001) foi um piloto italiano de Fórmula 1.
Carreira
O início
Filho de uma família apaixonada por automobilismo, começou a freqüentar Monza aos 12 anos. Além dos automóveis, sua outra paixão era jogar futebol. "Desisti, mas continuo correndo: faço jogging e corro com minha Ferrari", brincava. Reservado e introspectivo, iniciou no automobilismo em 1977 ao volante de um Fórmula Monza da "Scuderia Salvati", cujo protótipo era equipado com um motor Fiat 500de dois cilindros. Alboreto aproveitou aquela oportunidade única e mostrou paixão ao conduzir aquele carro. No ano seguinte (1978), transferiu-se para a Fórmula Itália, categoria que contava com monopostos mais potentes.
Após conquistar os títulos da Fórmula 3 Italiana em 1979 e o Campeonato Europeu de F3 em 1980, Michele Alboreto demonstrou versatilidade ao disputar o Mundial de Protótipos com a Lancia. Junto de seu compatriota Riccardo Patrese, conquista sua primeira vitória nas 6 horas de Watkins Glen de 1981. Em seu último ano com carros de "Endurance", na temporada de 1982, vence às 6 horas de Silverstone (com Patrese), os 1000 km de Nürburgring (com Teo Fabi e novamente Patrese) e os 1000 km de Mugello (em dupla comPiercarlo Ghinzani).
Testes com a Tyrrell e vitória com a Minardi na F-2
Com o apoio da Ceramica Imola, Alboreto é convidado para um teste com a equipe Tyrrell, em 1981. Completou algumas voltas e logo foi contratado para substituir o argentino Ricardo Zunino no Grande Prêmio de San Marino. Foram dez corridas e um 9º lugar no Grande Prêmio da Holanda, em Zandvoort, como melhor resultado. Naquele mesmo ano, conquista a única vitória da história da Minardi em uma prova da Fórmula 2.
A passagem pela Tyrrell (1981-1983)
O estilo do italiano agradou Ken Tyrrell e Alboreto permanece no time em 1982. A primeira vitória foi conquistada nesta conturbada temporada, marcada pelos acidentes fatais de Gilles Villeneuve e Riccardo Paletti. Revelação daquele mundial, Michele, com 25 anos na ocasião, venceu o difícil Grande Prêmio de Las Vegas. A corrida foi muito disputada entre ele e o norte-irlandês John Watson daMcLaren, que brigava pelo título na oportunidade com o finlandês Keke Rosberg da Williams. As cores azul e amarela de seu capacete, homenagem ao seu grande herói Ronnie Peterson, passaram a ser conhecidas por todos na F-1.
Perseguição
Alboreto passou a ser sondado pelas grandes equipes da Fórmula 1, mas não podia se desenvencilhar do contrato com a Tyrrell. Enzo Ferrari, que procurava um substituto para Gilles Villeneuve, convidou o piloto, mas Ken Tyrrell exigiu um motor turbo da Ferrari em troca da liberação do piloto. "Os italianos me criticam por não assinar com Alboreto para o próximo ano, mas o que muitos não sabem é que o convidei no meio desta temporada. Alboreto não optou por reincidir seu contrato com a Tyrrell. Em resposta, mandou-me uma carta muito educada, que mostrou seu grande caráter. Quando Alboreto estiver livre de qualquer tipo de contrato, haverá uma Ferrari à sua disposição", declarou, à época, o velho comendador.
A segunda vitória na Fórmula 1 aconteceu em Detroit, na temporada seguinte (1983). O brasileiro da Brabham, Nelson Piquet, liderava a corrida e conseguia abrir facilmente do Tyrrell de Alboreto. Faltando 9 voltas para o fim, Piquet teve um pneu furado e foi obrigado a fazer um pit-stop. O italiano assumiu a ponta e administrou sua vantagem para o finlandês Keke Rosberg, da Williams, estabelecendo a última vitória do clássico motor Cosworth DFV de oito cilindros na F-1. Foi uma corrida em que, do 1º ao 6º, apenas o 4º colocado eraTurbo. Acabou sendo também a última vitória da equipe do "Tio Ken" na categoria.
Alboreto na Ferrari (1984-1988)
Após 11 anos sem um piloto da "casa" (a última foi em 1973 com Arturo Merzario), Enzo Ferrari contrata Michele Alboreto para conduzir o carro vermelho número 27 para a temporada de 1984. Pilotar para o time de Maranello era seu grande sonho e a primeira vitória com a máquina acontece no Grande Prêmio da Bélgica, em Zolder. No ano de estreia, Alboreto termina a temporada em 4º lugar com 30,5 pontos; ainda marcou uma pole e uma volta mais rápida, passando a ser muito popular na Itália.
Em 1985, é o primeiro piloto e é um forte candidato ao título, graças ao modelo 156/85. Venceu no Canadá e na Alemanha e poderia ser três se não fosse um furo no pneu traseiro esquerdo em Mônaco; teve quatro 2º e dois 3º lugares, três voltas mais rápidas e por cinco provas seguidas (da canadense à alemã) liderou o Mundial, mas na Áustria perdeu-a para o francês Alain Prost da McLaren, o vencedor da prova, e com o italiano terminando-a em 3º lugar e marcou três pontos com o 4º na Holanda. Com 3 pontos de desvantagem, foi para o Grande Prêmio da Itália confiante que poderia recuperar o topo da tabela, tanto que os tifosi lotaram as arquibancadas do autódromo de Monza acreditando na vitória da máquina e do piloto que não acontecia desde 1966 com Ludovico Scarfiotti, porém o sonho dos fanáticos torcedores durou 45 voltas, porque o motor do carro do piloto milanês quebrou. No Grande Prêmio da Bélgica, em Spa-Francorchamps, abandonou prematuramente na 3ª volta por problemas de embraiagem. Com duas provas sem pontuar, a diferença aumentava para 16 pontos. Na antepenúltima etapa, o Grande Prêmio da Europa, em Brands Hatch, na Inglaterra, sua atuação durou apenas 13 voltas quando começou a pegar fogo na parte traseira do aerofólio com a quebra do turbo. Desolado, foi para o fundo do boxe sentindo a perda de mais uma corrida no zero e assistindo de lá Prost terminando-a em 4º lugar e faturando a taça. Nas últimas duas provas do campeonato, Alboreto também nem terminou. Mais um ano na fila, agora indo para 32 anos com a tão sonhada conquista. Na classificação final foi vice-campeão com 53 pontos. Terminava a sua melhor chance de alcançar o tão sonhado título.
Em 1986, o carro não conseguiu acompanhar o ritmo da McLaren TAG-Porsche de Prost, da Lotus-Renault de Senna e dosWilliams-Honda, que mostrou grande evolução na temporada anterior com Mansell e agora com Piquet. Alboreto obteve apenas um podium com o 2º lugar no GP da Áustria. O 9º lugar no campeonato com apenas 14 pontos foi tudo que conseguiu.
Para 1987, ganha um novo companheiro de equipe: o austríaco Gerhard Berger. Com ele, o piloto italiano é constantemente batido por seu novo colega tanto em treinos como em corridas. Alboreto também não vence nenhuma corrida assim como no ano anterior e o máximo que consegue é o 2º na Austrália e dois 3º lugares: San Marino e Mônaco. Novamente os carros do cavalinho rampante são batidos pelos carros do senhor Frank Williams. Classifica-se em 7º no campeonato com 17 pontos.
No campeonato de 1988, um ano todo dominado pelos McLaren-Honda, Alboreto pouco pôde fazer. Obtém três pódiuns, sendo dois terceiro em: Mônaco e na França, mas quando aparece a melhor oportunidade para vencer, quem lá está era seu colega Berger, que ganha o GP de Itália emocional, quase um mês depois da morte do Comendatore. O 2º lugar (último podium no time) e a dobradinha na corrida foi o que sobrou para o milanês. Termina o campeonato com 24 pontos: três pódiuns e uma volta mais rápida, dando-lhe o 5º lugar na última temporada no time de Maranello.
Sondagem pela Williams, volta à Tyrrell e "micos" na Larrousse
Foi sondado pela Williams, mas as negociações não progrediram e o piloto italiano voltou para a Tyrrell em 1989. Apesar dos problemas, conseguiu o 5º lugar em Mônaco e o 3º no México. Fazia grande apresentação nos Estados Unidos e foi obrigado a abandonar a corrida com problemas na transmissão. Alboreto saiu no meio da temporada com problemas envolvendo a equipe e seu patrocinador. Antes doGrande Prêmio da França, Ken Tyrrell aceitou o patrocínio da Camel. "Não gosto de quebrar contratos e pedi para a Tyrrell conversar com a Marlboro. Mas Ken disse que o problema era meu." - revelou Alboreto, que aceita o convite da Larrousse-Lamborghini para disputar a pré-classificação no final do ano.
1990-1994: o desgaste na Footwork, fracassos na Scuderia Italia e volta à Minardi
Em um esporte marcado pelas repentinas mudanças de rumo, o piloto esperava reviver a melhor fase de sua carreira, em 1990, naFootwork Arrows. A equipe desenvolve uma parceria com a Porsche para a temporada seguinte, mas o conjunto era desastroso. Depois de três temporadas de poucos resultados, o piloto acerta com a Scuderia Italia. O time italiano usava motores Ferrari e chassis Lola, mas depois de 1993, uniu forças com a Minardi. Assim, Alboreto disputou sua última temporada na Fórmula 1 pela equipe de Faenza e marcou o último ponto no Grande Prêmio de Mônaco de 1994, saindo aos 37 anos de idade.
DTM e Le Mans
No ano seguinte (1995), Michele disputou a DTM com um Alfa Romeo 155 V6, porém não obteve sucesso na categoria alemã. Naquele mesmo ano, correu na IRL e retomou sua carreira nas provas de Endurance. Depois de poucos resultados positivos, Alboreto vence a tradicional 24 horas de Le Mans de 1997 e revive seus dias de glória no automobilismo. O piloto italiano dividiu o TWR-Porsche da equipe Joest Racing, com o sueco Stefan Johansson (seu ex-companheiro de equipe na Ferrari), e o dinamarquês Tom Kristensen.
A vitória em Le Mans abre novos caminhos para Alboreto. A partir de 1998, ele disputa a "ALMS" (American Le Mans Series) pela TWR-Porsche. Em 1999, Alboreto se torna peça importante no desenvolvimento da Audi. O último triunfo do piloto acontece nas 12 Horas de Sebring de 2001 com o italiano Rinaldo Capello e o francês Laurent Aïello, com o Audi R8.
Morte trágica
Quando tudo indicava mais uma vitória em Le Mans, o mundo é pego de surpresa com uma triste notícia. Em 25 de abril de 2001, Alboreto morre após sofrer um acidente testando o novo Audi R8, que seria usado na tradicional prova francesa. A batida aconteceu no momento em que o protótipo cruzava a reta do circuito alemão de Lausitzring, na Alemanha, a 300 km/h. O carro levantou vôo e capotou por várias vezes até bater no guard-rail. Segundo a investigação, o acidente aconteceu por um rasgo no pneu, provocado por um objeto cortante. Terminava assim a carreira de um piloto que trabalhou duro para superar tantas adversidades.
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