sexta-feira, 6 de abril de 2012

Lancia Delta S4: A história.


O Lancia Delta S4 competiu no mundial de ralis em 1985 e 1986, até os carros do grupo B serem banidos da competição pela FIA. Este carro veio substituir o Lancia 037 e era uma Evolução deste. O S4 tirou todo o partido do regulamento do Grupo B e tinha motor central e tracção integral para mais tracção e agilidade. O motor de 1759cc e 4 cilindros combinava Compressor (Volumex-Abarth) para reduzir o "Lag" a baixas rotações e Turbo (KKK). Oficialmente o carro produzia 550cv (410KW). Algumas pessoas afirmam que o S4 conseguia acelerar, em terra, dos 0 aos 100 em apenas 2.3 segundos. A capacidade de 1.4 aplicada pela FIA e a escolha do motor de 1759cc colocou o S4 na classe abaixo dos 2500cc que lhe permitia um peso mínimo de 890Kg. A combinação do compressor e do turbo foi uma evolução do motor do 037 que produzia 350cv (261KW) usando apenas um compressor. Esta fórmula era competitiva comparativamente ao Audi Quattro que em 1984 também dispunha de 350cv. Na época de 1985 foi homologado o Audi Quattro S1 com 600cv (450KW), e consequentemente teve de se adicionar um turbo ao motor do S4 para que este se mantivesse competitivo.

Tal como o Peugeot 205 T16, o Lancia Delta S4 apenas tinha Delta no nome pelo desenho da carroçaria (que interessava por questões de marketing), não partilhava virtualmente nada, no que respeita à construção, com o de produção e motor frontal. O chassis era tubular, tal como o do 037. A suspensão era de triângulos sobrepostos às 4 rodas, com um único Coil Over grande à frente e dois amortecedores e mola separada atrás. A carroçaria era feita de fibra de carbono e tanto a frente como a traseira eram completamente removíveis para facilitar o acesso à mecânica nas assistências técnicas durante as provas. A carroçaria continha diversos apêndices aerodinâmicos como uma abertura no capot depois do radiador de água com um apêndice (ver fotos), Saias frontais moldadas no para-choques frontal, e spoiler traseiro com deflector incorporado.
Para efeitos de homologação a Lancia construiu 200 S4 para estrada. A versão "Stradale" tinha, tal como os carros de ralis, motor central de 1800cc capazes de produzir 250cv (180KW) na configuração de estrada.
Uma particularidade deste carro era um dispositivo que permitia ao condutor escolher a divisão de potência entre os eixos frontal e traseiro.

Se o Grupo S tivesse existido, existia já um substituto para o S4, o ECV, um carro que de acordo com Markku Alen era inguiável tal a relação peso\potência. Este carro tinha como principal novidade o facto de acoplar num mesmo motor 2 turbos e compressor bem como uma cabeça totalmente nova com as válvulas dispostas em cruz.


Na competição o carro ganhou na sua prova de estreia, o Rally RAC de 1985 pelas mãos de Henry Toivonnen e deu a Markku Alen o 2º lugar no mundial de pilotos do ano seguinte. Após o final do mundial de 1986, e durante duas semanas o título foi de Markku Alen, mas irregularidades no carro de Alen detectadas no rali de San Remo fizeram-no perder pontos e entregar consequentemente a vitória a Juha Kankkunen em Peugeot 205 T16. O Delta S4 foi também campeão europeu de ralis em 1986 pelas   mãos do italiano Fabrizio Tabaton que corria pela Grifone com as cores da Esso (preto e dourado).




A fábrica também apoiava o Jolly Club que corria com as cores da TOTIP, sendo um dos pilotos Dario Cerrato.



Infelizmente, o legado deste carro fica marcado pelo acidente fatal que vitimou Henry Toivonen e o seu Co-piloto Sergio Cresto durante o "Tour de Corse" em 1986. Inexplicavelmente Henry não fez uma curva rápida à esquerda precipitando-se numa ravina e colidindo lateralmente numas árvores, o que provocou a explosão do carro incinerando os dois jovens pilotos.

Existem muitos rumores sobre este acidente bem como teorias.
Um dado assente é que Toivonen estava a conduzir sedado devido a uma gripe que o assombrava. Para além disto o piloto, bem como Allen, queixavam-se do intenso cheiro a combustível no interior da viatura. O que realmente aconteceu nunca se saberá, apenas se   sabe que não haviam marcas de travagens antes do acidente. Os pilotos, especialmente o próprio Toivonen queixavam-se também da dureza do rali que contava com mais de 1000km cronometrados.



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